Corta para o hospital em que Lívia (32) trabalha, num bairro nobre em Porto. Uma maca carregando uma criança acidentada entra pelos corredores. Lívia é uma mulher bonita e bem-sucedida, imagino-a como Flavia Alessandra. Ela aparece a passos rápidos, de bata, alcançando a maca rapidamente, enquanto vai recebendo informações sobre o paciente. O enfermeiro Pádua está levando o menino
Lívia (aflita)- Oi, Pádua, fiquei sabendo agora, o que houve?
Pádua - Uma leve fratura na perna esquerda
Lívia olha para a criança, que está chorando. Ela põe a mão na mão dela e a tranquiliza
Lívia - Cá nós vamos cuidar de você, tudo bem?
A criança faz um sinal afirmativo, as lágrimas ainda escorrendo pelo rosto. A maca entra numa sala especial para o tratamento de fraturas
Pádua - Doutora Lívia, quantos enfermeiros devo chamar?
Lívia - Só você mesmo, Pádua...quero ver a radiografia dele
Pádua entrega o diagnóstico, que é examinado por Lívia, contra a luz. Depois volta-se para o menino, abaixando-se para ficar na altura dele, e falando de uma forma maternal
Lívia (interessada, curiosa e maternal)- Qual o seu nome?
Mateus - Mateus
Lívia - Mateus, meu amigo Pádua vai apenas engessar sua perninha, tá?
E se levanta para falar pra Pádua que basta engessar a perna do menino
Mateus - Tu falas de uma forma mofada, por que?
Lívia (sorrindo)- Eu não sou daqui, Mateus, sou brasileira
Mateus - Mas tu falas português também?
Lívia (rindo, antes de explicar) - A língua é a mesma, mesmo com algumas mudanças entre Brasil e Portugal...melhor tu ires, ou vão criar mofo sobre tu na tua escola
Mateus - Mas eu sou matula, porque eu não chorei muito
Lívia (sorrindo)- Vou te chamar de matulão se ficar sem chorar enquanto o Pádua engessa tua perna
Pádua traz o material necessário. Sobe som, mostrando Lívia e Mateus conversando enquanto Pádua se prepara para engessar a perna do menino
Corta para o aeroporto. Aurora está segurando um par de óculos escuros enormes, que adora usar. Os anos em Portugal lhe permitiram adotar um figurino português, com muitos babados e sobreposições, deixando-a como uma verdadeira senhora européia. Ela está procurando a família em meio a uma multidão de passageiros no aeroporto. Ela ouve alguém chamar "mãe" e se vira. Euclides sorri a poucos metros de distância dela, junto a Bruno e Rui, que estão com as bagagens. Close no sorriso estampado de Aurora e no sorriso muito bonito de Bruno. Aurora corre para os filhos e o ex-marido e os abraça com força, emocionada
Aurora (Ainda abraçada a eles)- Meus filhos. Como estão lindos, os meus filhos...Meu Deus, que saudades!
Aurora beija a testa de cada um deles, além de um caloroso abraço em Rui
Euclides - Mãe, parece que morar por aqui só melhorou seu visual, hein? Tá uma verdadeira gata!
Aurora (sorrindo, feliz)- Eu nem consigo acreditar que os meus maiores tesouros estão aqui...vocês cresceram tanto! Euclides, e esses músculos, hein? As meninas lá de São Paulo não devem te deixar em paz
Rui (num tom malandro)- Imagina as portuguesas, quando ele resolver sair pra conhecer a cidade
Bruno sorri, sem-graça
Aurora- Agora vocês vão conhecer a lomba onde eu moro. Já preparei almoço e tudo!
Rui (confuso)- Peraí...lomba? mas o que é que é isso?
Aurora (dando uma sonora gargalhada, percebendo que falou no português local)- Ai, ai...eu esqueci que algumas palavras só fazem sentido aqui. Lomba aqui em Portugal é o mesmo que ladeira. As cidades são cheias, vocês vão ver só...Bruno, deixa eu te ajudar com a bagagem
Bruno- Ah, que é isso, mãe...eu posso levar
Aurora- Então vamos, que o meu carro está logo ali na frente
Imagens dos quatro andando pelo aeroporto, a caminho do estacionamento
Rui - Ainda bem que a temperatura aqui tá bem mais agradável que em São Paulo. Saímos de lá num frio de dez graus
Aurora- Ah, mas aqui em Porto costuma esfriar bastante à noite também, vocês vão ver. Ahhh, vocês tem que ver o quarto que a Dalva já preparou pra vocês! um charme só!
Rui - Quarto?!
Aurora- Claro, afinal vocês só viajam na segunda-feira, não é? Ainda temos hoje e amanhã para aproveitar nossa família...que passou tanto tempo sem se ver
Rui e Euclides se olham, com expressão de "é...é o jeito". Eles chegam ao local do carro. Rui e Euclides guardam as bagagens enquanto Aurora se acomoda na direção, sorridente
Bruno (pensativo)- Dez anos...
E faz uma expressão de "nada mudou" antes de guardar o carrinho da bagagem e entrar no carro
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2 comentários:
faço minhas as palavras de leo "aprendeu rápido,hein?"
Gosto muito do seu texto, só precisa ser um texto mais falado do que escrito. quandoe screver imagina a pessoa falando. tu vai ver que muita coisa que escrevemos, não falamos. e muitas que falamos não escreemos, mas que num script deve se escrever.
xero
Cadê o resto, Sr. Iandê?
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